As Joias da Marcha Brasileira: Campolina, Mangalarga e Mangalarga Marchador

As Joias da Marcha Brasileira

O Brasil é berço de algumas das mais notáveis raças de cavalos do mundo, conhecidas por seu andamento suave e elegante. Entre elas, o Campolina, o Mangalarga e o Mangalarga Marchador se destacam não apenas pela beleza e aptidão, mas por uma história complexa e interligada que moldou suas identidades. Embora muitas vezes confundidas, cada raça tem uma origem, características e propósito distintos.


Mangalarga Marchador: O Rei da Marcha Mineira

O Mangalarga Marchador é a raça mais popular no Brasil e a que melhor representa o andamento de marcha.

  • Origem e História: Sua jornada começa no início do século XIX, em Minas Gerais, na Fazenda Angaí, propriedade do Barão de Alfenas. O Barão recebeu um garanhão da raça portuguesa Alter Real e o cruzou com éguas da região, conhecidas por sua marcha natural. A prole, de andamento confortável e resistência, foi apelidada de "cavalos da Fazenda Mangalarga", nome que eventualmente se consolidou. A raça se desenvolveu em Minas Gerais, com criadores selecionando incansavelmente os animais com a marcha mais suave e sem suspensão.
  • Características Principais: O Mangalarga Marchador é um cavalo de sela de porte médio, musculoso e bem-proporcionado. Sua característica mais marcante é o andamento, a marcha batida ou marcha picada. A marcha batida é um andamento de quatro tempos, com apoio tríplice (três apoios no chão ao mesmo tempo), enquanto a marcha picada é um andamento de quatro tempos com apoio duplo (dois apoios no chão ao mesmo tempo). Ambas são extremamente confortáveis para o cavaleiro, ideais para longas cavalgadas.

Mangalarga: A Elegância Paulista

Também conhecido como Mangalarga Paulista, essa raça se separou da linhagem original do Mangalarga Marchador, evoluindo de forma diferente em outro estado.

  • Origem e História: Um dos descendentes do Barão de Alfenas se mudou para o interior de São Paulo, levando consigo alguns cavalos da linhagem original. Lá, para se adaptar ao novo ambiente e às demandas dos fazendeiros paulistas, a raça foi cruzada com outras, como o American Saddlebred e o Hackney. O objetivo era criar um cavalo mais alto, de movimentos mais elevados e com um andamento específico.
  • Características Principais: O Mangalarga é um cavalo de porte maior e de estrutura mais esguia que o Marchador. Seu pescoço é mais longo e seu tronco mais forte. O andamento da raça, chamado de trote marchado, é uma transição entre a marcha e o trote. Ele tem um leve momento de suspensão no ar, o que confere ao cavalo uma beleza e elegância únicas, valorizadas em competições de andamento e exposições.

Campolina: O Gigante de Ouro de Minas

O Campolina não tem origem no Mangalarga Marchador, mas sim em uma linhagem totalmente diferente, sendo a terceira das grandes raças de marcha do Brasil.

  • Origem e História: A raça foi criada no final do século XIX por Cassiano Campolina, um fazendeiro de Entre Rios de Minas. A base da raça foi o cruzamento da égua Manga-larga (uma égua de andamento suave) Medeia com o garanhão da raça Andaluz Monarca. O criador buscava um cavalo de grande porte, forte e com andamento confortável, mas com uma beleza e imponência que o destacassem. Outras raças, como o Anglo-Normando e o Marchador, também foram usadas para aprimorar o biótipo desejado.
  • Características Principais: O Campolina é notável por seu porte imponente, sendo o maior entre as três raças. Sua cabeça tem um perfil retilíneo ou subconvexo, e o pescoço é alongado e forte. O andamento característico da raça é a marcha de andadura, um andamento de quatro tempos com maior amplitude e velocidade moderada. Seu movimento é suave e cadenciado, proporcionando grande conforto ao cavaleiro, ideal para longas distâncias e para o trabalho na fazenda.

Embora todas essas raças sejam tesouros nacionais e celebrem a marcha brasileira, cada uma reflete uma parte da história e do desenvolvimento do país. O Mangalarga Marchador representa a tradição e a resistência mineira, o Mangalarga a elegância e adaptabilidade paulista, e o Campolina a grandiosidade e nobreza. Juntas, elas contam a rica história da equinocultura brasileira.

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